Quando os filhos ainda precisam, e os pais já não podem

No meio de tudo e de todos

Você já teve a sensação de estar no meio de tudo — e de todos?

De um lado, filhos crescidos… mas ainda não inteiramente autônomos.

Do outro, pais envelhecendo, sobrecarregados… e cada vez mais frágeis.

E você? No centro. Tentando dar conta.
Mas o que significa “dar conta”, exatamente?

Será que o que chamamos de “ajudar” os filhos não vira, às vezes, um adiamento do voo deles?
E será que o cuidado com os pais não esconde também o medo de perdê-los — ou de ser deixado sem papel?

Talvez a pergunta mais honesta não seja “o que eles precisam de mim”, mas “quanto de mim ainda cabe nisso tudo sem que eu me perca?”

Será que alguém já te perguntou isso?

Ou você se acostumou a ser aquele(a) que não pode parar, que sempre segura as pontas, que resolve, que sustenta?
E se agora isso já não for mais possível?
E se for esse o momento em que, pela primeira vez, você também precisa ser amparado — mas ainda não se deu esse direito?

Reconhecer a dor e cuidar de si

Quantos sonhos foram sendo engavetados ao longo dos anos, com a promessa de que depois haveria tempo?
E se esse “depois” chegou — mas você não sabe mais como abrir a gaveta?

Você se cobra por estar cansado?
Por desejar um tempo só seu — e sentir culpa por isso?

Mas cansaço é ingratidão?
Ou é um sinal legítimo de que algo está fora de equilíbrio?

É possível cuidar… sem se anular?
É possível acompanhar… sem carregar?

Essas perguntas não têm resposta única. Mas talvez elas sirvam de espelho.

Porque há fases em que o dilema não é entre fazer ou não fazer.
É entre fazer com presença — ou fazer por obrigação.

Entre sustentar vínculos — ou apenas manter as aparências.

Se você chegou até aqui se perguntando tudo isso…
Talvez já tenha começado a saída mais honesta:
reconhecer onde dói, antes de continuar andando.

Buscar a orientação de um psiquiatra pode oferecer apoio especializado para lidar com situações complexas como essa, ajudando a cuidar tanto da saúde mental quanto das relações familiares com sensibilidade e respeito.

 

dr fabio fonseca psiquiatra campinas perfil profissional

Sobre o autor:

Dr. Fábio Fonseca

Dr. Fábio Martins Fonseca é psiquiatra e psicoterapeuta com mais de 20 anos de experiência. Possui formação pela Unicamp e aperfeiçoamento internacional em Terapia Cognitivo‑Comportamental no Beck Institute (Filadélfia). É membro certificado da Academy of Cognitive Therapy, com especialização em DBT pelo Linehan Institute (Seattle) e formação em Entrevista Motivacional (UNIFESP). Atua com cuidado humanizado e baseado em evidências.

Vamos caminhar juntos em direção a uma saúde mental mais equilibrada e satisfatória.

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